
Minha história

Hoje trabalho com uma nutrição voltada para o feminino, para a saúde cíclica e equilíbrio hormonal. Ensino mulheres a transformarem suas vidas através de uma alimentação que esta realmente esta de acordo com sua fisiologia feminina e que nutre e potencializa seus corpos cíclicos. Ensino Deusas a terem autonomia sobre sua saúde e se apaixonarem por viver sua própria natureza. Somos filhas da mãe Terra e estamos aqui para ser um espelho dela, refletindo seu amor, sua fertilidade, sua beleza e sua força.
Depois de passar dois anos na Europa, voltei para o Brasil, para minhas raízes, com a intenção de firmar aqui, nessa terra que tanto amo, o meu servir, ver ele crescer e espalhar suas férteis sementes no ar, para que mais e mais mulheres possam se beneficiar dos seus frutos.

Fiz meu TCC, que foi uma pesquisa profunda sobre os significados subjetivos das práticas de produção e consumo de alimentos por mulheres nativas da cidade onde moro, que vivenciaram desde criança a conexão com a terra e com os alimentos. Foi muito lindo entrevistar essas mulheres, conhecer suas casas, entrar nas suas cozinhas e ouvir suas histórias, entender o que o alimento representa para elas e como isso foi transmitido para as próximas gerações.
Apesar de tantas coisas boas, quando cheguei perto do final da faculdade passei por um momento difícil, de muito estresse e ansiedade por conta do excesso de demandas, estava fazendo faculdade, estágio e TCC ao mesmo tempo, em plena pandemia, você pode imaginar como eu estava né? E é claro que isso me gerou um desequilíbrio hormonal, na época apesar do conhecimento que eu tinha eu não sabia como lidar com aquilo.
Aprendemos a contar calorias, a lidar com doenças como diabetes e obesidade, mas ter uma alimentação terapêutica para tratar desequilíbrios hormonais (algo tão comuns nas mulheres), não é algo que se aprende na faculdade, infelizmente. Então experienciei TPM muito intensas, menstruações com cólicas, acne, dificuldade de dormir, até que simplesmente não menstruei por mais de três meses, o que me fez parar e buscar uma solução. Comecei a estudar sobre a fisiologia do corpo feminino e do ciclo menstrual e os sintomas que estava sentindo, e apliquei algumas estratégias, que hoje inclusive ensino para as minhas pacientes, como o ciclo das sementes, o uso de fitormônios (sustâncias naturais das plantas que ajudam no equilíbrio hormonal) e a alimentação cíclica, com o tempo fui me melhorando e meu ciclo voltou. Hoje até agradeço por esse momento porque me fez entender a importância do ciclo menstrual para a saúde de uma mulher.

No último ano do ensino médio decidi que queria cursar nutrição, a ideia de usar o alimento como uma ferramenta de cura e transformação me enchia de entusiasmo. No ano seguinte junto a uma fase de muita expansão na minha vida passei no vestibular para nutrição na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Foram 5 anos dicados a faculdade, onde aprendi a base da nutrição, desde a bioquímica, entendendo como é, por exemplo, o metabolismo dos carboidratos e proteínas no corpo, até cálculo de necessidades nutricionais e dietoterapia baseada em evidências científicas, porém apesar do curso ser um dos melhores do país, esse olhar puramente acadêmico e cientifico me fazia sentir que faltava algo, mesmo assim busquei aproveitar ao máximo as informações que chegavam e as oportunidades que apareciam.
Consegui fazer um estágio na maternidade do hospital universitário, onde passava o dia vendo bebês recém nascidos, auxiliando a cuidar da alimentação das mães e fazendo avaliações nutricionais nas gestantes de alto risco que estavam internadas para observação. Esse estágio foi mágico para mim e me fez sentir que de alguma forma tudo estava conectado por algo maior e aquilo que eu buscava me buscava também.
Outras coisas que me ajudaram nesse tempo de muitas demandas foram o ayurveda e o yoga, que conheci através da minha mãe, e que em paralelo com a faculdade também estudava e praticava como uma forma de autocuidado. Logo depois que terminei a faculdade me joguei de cabeça no estudo dessas duas ciências ancestrais do bem-viver.
Li diversos livros de ayurveda, fiz cursos, participei de retiros e comecei inclusive a oferecer workshops para compartilhar essa sabedoria, neste meio tempo me formai também como professora de yoga pelo Centro de Yoga Montanha Encantada, um dos maiores centros de yoga da América Latina. A princípio eu tinha apenas o objetivo de autoconhecimento, mas foi impossível não agregar os conhecimentos do yoga nos meus atendimentos de nutrição.

Logo depois disso comecei a atender meus primeiros pacientes como nutricionista. E por alguns meses fluiu muito bem, mas depois surgiu novamente uma inquietação dentro do meu ser, ainda não era aquilo e eu vivia numa dualidade entre querer falar sobre o feminino e suas magias e mistérios e, ao mesmo tempo, também falar sobre a nutrição, o ayurveda e o yoga. Por algum tempo eu não sabia como unir todos esses conhecimentos.
Então eu fui viajar, realizar um sonho antigo de viver um tempo em outros países. O meu lema era: Ir para longe para chegar mais perto de mim mesma. Comecei um mochilão sozinha por Portugal, Espanha e França, me abrindo para vida e percebendo os sinais que ela me enviava, enquanto viajava continuava com os atendimentos online, oferecia aulas de yoga e trabalha em retiros com alimentação saudável e ayurveda.
Em um final de tarde num bosque no sul da França, com um cacauzinho quente, meu tambor e um caderninho onde escrevia os pensamentos, fiquei assistindo o dia ir e a noite chegar, e naquele momento de profunda conexão comigo mesma e com a mãe terra eu senti uma leveza no meu coração, lembrei daquela menina que fui e percebi como tudo se conectava e soube qual era o meu servir, percebi o que pulsava com verdade dentro de mim, e desde então não tive dúvidas. Quando voltei para casa nesse dia, vi que minha lua (menstruação) havia descido como um sinal de confirmação.


A nutrição e a conexão com o feminino sempre foram as minhas grandes paixões, desde criança aprendi que o alimento é uma forma nos conectar com a natureza e com nos mesmos, ou, ao mesmo tempo, uma forma de nos desconectar e nos distanciar, se nos alimentarmos sem consciência.
Tive o privilégio de crescer pisando na terra, tomando banho de rio e subindo em árvores e isso me faz amar com todo meu com coração a natureza, que sempre senti como uma força e uma presença feminina, por isso, conforme fui crescendo e me entendendo como mulher mergulhei numa busca por mim mesma, por compreender meu corpo, meus ciclos e a natureza que existe dentro de mim, e me encantei com os mistérios e a magia que envolvem o feminino. Na adolescência, participei de círculos de sagrado feminino, onde me nutri de diversos conhecimentos, percebi o quanto é prazeroso e importante ter momentos para estar somente entre mulheres, aprendi sobre as fases do ciclo menstrual e seus arquétipos e tantas outras práticas simples porem poderosas como plantar a lua eacompanhar o ciclo através de mandalas. Ao estudar o feminino naturalmente comecei a facilitar também rodas de conversa, retiros e transmitir os conhecimentos que havia aprendido e aplicado na minha vida. Neste mesmo tempo também me tornei vegetariana e passava boas horas na cozinha, testando e criando novas receitas.